quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Vivendo de aparências

Viver de aparências é legal, sabia?
Você se veste bem, passa perfume, faz uma maquiagem do jeitinho que a revista manda, coloca aquele sapato novo que é desconfortável (porém, bonito), e treina um sorriso legal.
E ali, no meio daquela galera "super divertida", você mostra o "sorriso legal", tira umas fotos bacanas, ouve uns elogios pela roupa nova, pelo sapato que arrasou (mas que deu origem a 5 novos calos) e pela maquiagem que deixou seus olhos parecidos com os daquela atriz (que ninguém lembra o nome).
Nem estava tão divertido assim, mas sair no auge da festa seria deselegante. Você fica até o final, e depois vai pra casa e sente que "até pode ter sido um pouquinho divertido".
No outro dia, assim que levanta da cama, percebe que sua vida não mudou. Nada foi acrescentado. Aquelas risadas alheias não foram fortes o suficiente pra fazer você se sentir mais feliz.
Mas, pelo menos, você estava bonita, foi elogiada e estava no meio de uma galera que se divertiu (mesmo que você não tenha participado intimamente da diversão).
Viver de aparências é legal. Você ficou bem na foto, a galera vai passar dias comentando quão divertido foi aquela festa e você pode se gabar por ter participado de um evento popular. E o que importa é que os outros acham, não é?

Agora, cá entre nós, fala pra mim: isso tudo compensa?
Porque, sinceramente, eu não vejo nada de bom nessa vida de aparências. A não ser, é claro, a imagem que você passa pros outros de como é feliz e está sempre acompanhando o caminho da diversão.
Mas, e lá dentro? Como é que sua mente fica? E o coração? 
Sério que você consegue se sentir bem, apenas com a autoafirmação de que você está onde "todo mundo" está? E que está na foto mais comentada do facebook?

Posso dizer uma coisa? Acho tudo isso uma bobeira!
Eu não fui na festa, não usei usei um sapato tão bonito (porque estava em casa, de havaianas), não fiz maquiagem (porque eu detesto tirar o hímel depois), não passei perfume (só desodorante- calma gente!), não vesti uma roupa legal (só aquela calça de moletom e aquela camiseta que ninguém costuma usar fora de casa) e não precisei ensaiar um sorriso.
Mas, enquanto você estava na festa, tentando entender por quê era o único que não se divertia, eu estava deitada no chão da sala, desenhando num papel sulfite algum tipo de desenho abstrato com meu sobrinho, tentando assistir um filme na TV a cabo enquanto minha família falava alto na cozinha. E depois, eu ainda comi pizza, dei risada quanto meu sobrinho disse "Ocóóóóóóóó" e pegou meu celular pra "ligar" pra alguém que fala a língua do "t".
Se quer saber, ainda deu tempo de conversar com meus pais, meu irmão, meus tios, minha prima e meu cunhado até tarde da noite... até que todo mundo decidiu ir pra casa, dormir.

No outro dia, eu não acordei sentindo um vazio. Não acordei com calos nos pés, e nem com a maquiagem borrada.
O facebook não anunciou nenhuma foto tirada na noite anterior, porque a gente nem tinha tirado foto mesmo!
E minha página não tinha recado de quase ninguém. Mas, isso não importa! 


I don't care!!!! 
Não preciso disso pra mostrar pros outros que estou feliz. Que SOU feliz!
Eu passei a noite com minha família, com meu sobrinho e assistindo um filme legal.
E os melhores momentos da vida dificilmente são descritos em apenas uma foto. Por isso ela não foi a mais comentada no facebook. Na verdade, nem foi publicada no facebook.
Não existia foto nenhuma. O que marcou foi apenas a alegria que senti em estar no ambiente em que me sinto mais segura e completa. 

"De que adianta sair pra festa e voltar pra casa sempre com o coração vazio?"

Eu não! Eu quero é ficar em casa, ter a página menos visitada da internet.  

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