terça-feira, 11 de junho de 2013

Feliz despedida

Talvez seja reflexo de uma experiência ruim, mas prefiro acreditar que é resultado de uma dessas brincadeiras que a vida faz com a gente. Algo que parece extremamente bom, acaba se tornando doloroso, tal qual um cenário desconhecido e incerto venha a se tornar um lindo caminho de deliciosas descobertas e profundos aprendizados. A vida é mesmo uma caixinha de surpresas!
Márcia. É o nome dela. Uma japonesa simpática, cheia de bom papo, moça acolhedora, elétrica, daquelas pessoas que param para ouvir e que, com certeza, merecem ser ouvidas. Minha chefe!
E eu, cheia de medo, incerta e indecisa. Nunca vou conseguir entender (e sequer explicar!) como poderia querer tanto uma coisa, mas não ter coragem de entrar de cabeça. Sei lá, a bagagem anterior era pesada e infeliz o bastante para me tirar aquela empolgação por novas experiências.

Enfim, aconteceu... em 3 meses fui acolhida ao mundo de turismo. Mais do que isso, fui acolhida a um mundo que, pouco a pouco, passou a criar sentido pra mim e em mim.
Daí, minha intensa e eterna admiração pela convivência com a cultura tanto dos de fora, quanto mais os de dentro.

Quando me dei conta, estava deitada em dois puffs, olhando para o teto daquele "corredor do cochilo" e pensando que isso é que é qualidade de vida. "Coisa louca, não? Como é que eu vim parar aqui? E aquela japonesa... como é que ela consegue dar conta de tanto trabalho e ainda se divertir e ser uma pessoa divertida? E em que momento em passei a vê-la como amiga?"

Acho que sei... foi no dia em que ela fez cócegas em mim. E quando contei sobre minha vida e os últimos 2 anos. E quando tentei fazer uma trança no cabelo dela, mas só consegui um penteado abstrato. E quando ela saiu de férias e me deixou doidinha com tanto trabalho... e com um pouquinho só de saudade.
Nossa amizade se formou assim, de momentos. Quando parei para pensar, tinha ficado amiga da minha chefe. (Não sabia nem que essas palavras poderiam conviver juntas na mesma frase.)

E então, o choque. Márcia iria embora no próximo mês. Sentimento estranho de não concordar e, ao mesmo tempo, entender que foi a melhor decisão que ela podia ter tomado (além de me contratar, é claro...hohohoho)

Esse último mês passou. Rápido! Tão rápido quanto os dedos da Márcia digitando um e-mail.
E ela se foi. 


Conheço essa sensação de mergulhar no desconhecido, depois de anos de convivência com uma situação que não era totalmente ruim, mas não era esplendorosamente boa e digna de realização pessoal . Dói um pouco, dá medo, dá frio na barriga. Por isso, o mergulho precisa ser de cabeça, pra não dar tempo de se segurar e voltar atrás. Precisa ser radical, precisa gerar mudança de rotina. Precisa ser difícil pra valer a pena!

No meu coração fica a saudade. Mas, maior do que isso, o desejo de vê-la feliz, abrindo a porta para um novo caminho e deixando as janelas abertas pra que eu consiga assistir seu sucesso na primeira fileira!

E então, posso finalmente dizer que tive a melhor de todas as chefes. E hoje, amiga.


Vai, Marcinha. Vai, mas não esquece de mim!